A foto em um jardim mostra Ivone de Oliveira sob a
luz do sol, sentada em uma cadeira de rodas com a perna esquerda cruzada sobre
a outra. Ivone tem a pele clara, rosto oval, cabelos loiros e lisos até os
ombros, nariz afilado e lábios médios. Ela usa óculos de sol com armação grande
e quadrada, relógio preto no pulso esquerdo, blusa estampada em tons de lilás,
azul e rosa, mini saia jeans e sapatos estilo boneca azuis. Na lateral direita, em sentido
vertical e letras rosas, lê-se: Gata de Rodas.
QUEM É GATA DE RODAS?
Eu sou a
Ivone, uma mulher cadeirante, aos 6 meses de nascida tive Poliomelite que me
deixou sequelas sendo uma delas, a de
me impossibilitar de andar. Minha infância foi marcada por idas ao médico e
cirurgias. Apesar das dificuldades, foi também
uma infância de muitas brincadeiras com meus irmãos e
primos. A Gatinha de Rodas foi uma criança alegre e sempre risonha. Na
escola, iniciou o meu convivio social com outras crianças, foi super
tranquilo, não houve rejeição. Os coleguinhas de sala de aula eram
cuidadosos e prestativos comigo. Sempre
gostei de estudar e fazer amizade.
PRIMEIRO CONTATO COM O PRECONCEITO
Como nem tudo são flores, encontrei o meu primeiro
espinho no caminho: ao concluir a 4º
série do antigo ensino primário, a diretora não quis disponibilizar uma sala de aula no andar térreo e disse a
minha mãe que não ia se responsabilizar
por mim na escola. Sem o conhecimento dos meus direitos, minha mãe não
denunciou a diretora na delegacia de ensino. Tive que me afastar da
escola. Quatro anos depois houve a
substituição da diretora da escola e eu retornei aos estudos. Ao concluir o primário, novamente tive que
interromper os estudos, por diversos motivos: falta de companhante, doença em
família etc.
GATA DE RODAS
NA BUSCA PELA INDEPENDÊNCIA
Nunca fui de ficar parada, já que não dava para eu
estudar, resolvi trabalhar informalmente no artesanato. Comecei a confeccionar
roupas de crochê e bordados com pedrarias, atividade essa que exerci por muitos
anos visando independência econômica para o
lazer e minha vaidade de mulher. Passando alguns anos meu irmão me
presenteou com um computador. Além de me distrair, resolvi também procurar
trabalho com carteira profissional registrada. Não demorou muito para que eu
fosse contratada por uma conceituada
empresa e lá estava eu inserida no mercado formal de trabalho como Operadora de telemarketing.
Agora trabalhando e conectada nas redes sociais, resolvi voltar a estudar, porém a falta de companhia ainda
persistia. Por obra do destino, numa rede social eu conheci uma amiga enviada
por Deus. Essa amiga ao saber do meu
sonho de concluir os meus estudos, tornou-se
os meus pés e com essa grande ajuda finalmente cheguei na faculdade.
Hoje sou bacharel em Ciências Contábeis.
GATA DE RODAS
NA REDE SOCIAL/ XÔ PRECONCEITO/AUTOESTIMA
Passeata e manifestação social: aprendi com meus
amigos deficientes da rede social a lutar por direito a inclusão e acessibilidade.
VISIBILIDADE: Mesmo diante das dificuldades e
dependência de acompanhante a Gata de Rodas se joga no Carnaval, na praia, nos
passeios, cinema, teatro etc. Na expectativa de motivar os demais deficientes a
não desanimar com os obstáculos, não ter vergonha de sua deficiência e ser
feliz do jeito que é...
Comunidade Gata de Rodas: a ideia da página Gata de
Rodas surgiu a princípio para que eu
pudesse compartilhar as minhas experiências e desafios como uma mulher
cadeirante, mas a ideia se expandiu e resolvi abranger as demais parcelas da
sociedade que também sofrem com o preconceito, seja ela por ser deficiente,
mulher, negro, gay, Indio, pobre e etc.
“A história
ensina-nos que o homem não teria alcançado o possível se, muitas vezes, não tivesse tentado o
impossível.” (Max Weber)
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